Destino: Miami. Companhia Aérea: Ibéria. Escala: Madrid. Sucesso: ?
E foi assim que tudo começou… um corte de cabelo na portela, um pouco de conversa com o Sr. Silva, uma torrada em pão saloio, e 5 minutos de viagem. Check-in impossivel, confusão total, médio-almoço no pans&company, e siga para a porta de embarque.
Atraso do voo: habitual. Tempo de escala: 1 hora. Probabilidade de insucesso = 1h de escala + Ibéria = 100%.
Com apenas 20 minutos de atraso o airbus A320 da companhia Ibéria, colocou-se em posição de descolagem na pista do aeroporto da Portela. Depois dos checks habituais e luz verde da torre de controlo, o piloto aumentou a potência dos motores, e o avião impulsionado rolou ao longo da pista ganhando velocidade para descolar. 2 minutos depois estavamos a ganhar altitude, e a ponte Vasco da Gama era a atração principal do lado de estibordo. Foi neste momento que o ronco dos dois potentes motores da General Electric se deixou de ouvir, e os dois silêncios se cruzaram na carlinga da aero-nave: o dos motores em ponto morto e o dos passageiros em suspenso. “Já estaremos a chegar?” – pensou um ou outro que dormitava … eu confesso que pensei que estavamos a ser premiados com mais uns momentos de vista aérea sobre Lisboa, antes de cruzarmos as núvens em direcção ao céu. E foi ai que o Sr Comandante se fez ouvir na cabina, quebrando o nervosismo dos passageiros: “tengo uma luz roja acendida que és de la puerta de lo compartimiento dela carga. I apólojaise, but we need come back Lisboa …” – What the F#”$? Então os anormais não verificaram se tinhamos a porta aberta, ou mal fechada ou que raio era!? Aposto que se fosse em tempos idos, iamos assim mesmo até Madrid, mas como agora não se inventa nada, vamos lá dar uma voltinha à Caparica, para entrarmos na rota de aterragem … 15 minutos depois, estavamos a aterrar (impecavelmente!) na mesma pista do aeroporto de onde momentos antes tinhamos descolado – suspeito que este terá sido o voo mais curto da minha história … E depois começou o festival!
Já que aterramos outra vez vamos meter gasosa, que isto aqui em Portugal os preços até estão convidativos, mas … antes de metermos gasosa temos de chatear todos os passageiros para desapertarem os cintos de segurança: normas legais! O vizinho do lado ainda perguntou se não tinhamos de sair do avião para o reabastecimento: NÃO, desde que desapertassemos os cintos de segurança! A teoria mais em vigor durante este processo era que em caso de incendio ou eventual explosão, a malta não ficava presa aos bancos e podia fazer o último voo de borla. Ora já viram o que seria se ficassemos todos amarrados a ver a coisa a arder!? E pronto… luz apagada, porta fechada, e gasolina poupada lá demos mais uma voltinha e siga para Madrid. A viagem foi sempre a abrir, mas mesmo assim nem o Usain Bolt se safava … 20 minutos de atraso + 15 minutos de voo recreacional + 30 minutos de abastecimento = chegada a Madrid depois da hora da partida do voo intercontinental para Miami! Eu tenho ideia de ainda ter visto a cauda do nosso voo a passar as nuvens, mas devia estar com alucinações, derivadas da irritação da total ausência de informações por parte dos tripulantes do avião. “Oie, yo tengo un vuelo para Miiiiiiiiiami (amigos: nem arrisquem a dizer Maiami senão são olhados de esguelha como quem disse uma blasfémia … das fortes!), como puedo saber a que oras parte?” Resposta: “No tengo ni idea!” 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 … oh amigo… acha que isso é uma resposta de jeito? E mais: chegamos a Madrid à hora de saida do nosso avião e os artistas dizem o seguinte: “ ah e tal, os voos aqui estão todos atrasados 30 minutos”, hum … eh pá, se calhar ainda nos safamos … Não SAFÁMOS!
Tranfer Desk com eles… (eles os outros 200 passageiros que perderam ligações) … e no meio do festival de reclamações lá vislumbro o slogan da Ibéria: Punctualidade és nuestro objectivo! PQP! Se o vosso objectivo fosse comida de jeito a bordo… ah esqueci-me, não há comida a bordo. Pera, deixa-me arranjar outro objectivo: não perder malas … a descolar com o porão meio aberto é melhor pensar noutro. Hum … já sei! Colaboracion total para que te quiedes en tierra! Isso … é um bom objectivo, ou pelo menos era esse o objectivo do nosso interlocutor do transfer desk: “no more felaites tuday… tumórou, tumórou …”, oh amigo, eu até nem sou muito de violências, mas estamos a chegar ao ponto … como já te foi amplamente repetido, temos um cruzeiro para apanhar que sai de Miami às 17h de tumórou… achas que se o avião aterrar às 15h30 conseguimos apanhar o barco: Punctualidade és nuestro objectivo! E eu sou o Pai Natal! E o teu azar é que a Mãe Natal sabe que há outros voos mais cedo tumórou… e é esse que queremos, com a vantagem de ser da British Airways, sair de Londres, e eles não terem esse tipo de objectivos de pontualidade! “Pero no es possible!” AZAR!!! Esta foi a primeira meia horita de discussão, a segunda foi muuuuuuuuito melhor! Concluimos que aquele artolas não nos ia safar, e quando pedimos para falar com o chefe dele, trouxe-nos o livro de reclamações: mas estamos no Frango da Guia ou quê? Eu não quero reclamar, quero ir para Miami … HOJE! “Entonces tem de ir ao customer service” UI, UI! À falta de melhor lá fomos nós …
O customer service é um local em Barajas onde impera a simpátia, mal chegámos tinhamos apenas uma pessoa à frente na fila, mas os fregueses que estavam a ser atendidos após a segunda palavra foram logo identificados como portugas “ai o CAA!$%% ;-)”… Ainda fingimos que não os conheciamos durante uns tempos mas … coitado dos homen tinham perdido o avião porque não tinham encontrado a gate de embarque … enfim … acontece. E uma das simpáticas do customer service gentilmente os encaminhava para o balcão de compra de bilhetes, onde claro está eles não queriam comprar nada, e os reencaminhavam gentilmente para o customer service. Quando voltarmos a ver se já sairam de lá!
O nosso caso era mais bicudo, pelo menos para nós! J E a Maria da Luz (ou como raio se chamava a Sra – notem que já lhe consigo chamar senhora, durante 2 dias tinha um nick muito mais … real!), lá nos atendeu cheia de pachorra, e a tentar poupar uns euros à Ibéria (é para isso que lhe pagam), lá nos foi explicando que não há outros voos, que está tudo cheio, que amanhã vamos muito a horas, que não vale apena ir para outra cidade apanhar aviões para Miami, que os voos directos são muito melhores (ainda estamos a tentar descortinar esta lógica… então os voos não são todos directos, saiam eles de Madrid, Londres, Paris, Amsterdão ou conchinchina!?). E simpaticamente lá nos devolveu os cartões de embarque do voo Ibéria do dia seguinte dizendo com um sorriso rasgado que não ia haver qualquer problema. Pronto! Foi aqui que armados em Afonso Henriques, como dizer … lhe fomos à tromba! Os decibeis aumentaram, e a pergunta foi: a que horas sai o avião de Londres para Miami amanhã, e a que horas chega? Ah… esse sai mais cedo, e chega às 13h45! Ahhhhhhhhh, a sério … então é esse que queremos!!! Resposta: não há ligação… (Puxando o braço direito atrás) Ai não? Resposta: está tudo cheio para ir para Londres (Cerrando o pulso) Ninguem acredita que não se arranjem 2 lugares num voo qualquer para Londres. Resposta (depois de 10 minutos a teclar): mas voces não têm visto. (mão esquerda a caminho dos colarinhos) Ó minha querida e estimada … (esta fica na vossa mente) então é preciso algum visto para Londres!?!?!? Resposta: ahhhhhhh pois … então vou ver … como têm passaporte electrónico têm sorte… (e no guiche ao lado o outro tuga continuava: “mas tava tudo cerrado, me disseram passa, passa e mi mulher no passou…”). Tenho de admitir que a negociação foi dura, mas nos finalmentes lá nos deu um … papel, para irmos ao guiche ao lado adquirir os novos bilhetes, e outro papel a dizer que tinhamos direito ao hotel em Londres… e com um “pero és igual, y el vuelo directo és muy mejor”, e um “e se te metessemos na mala e te dessemos pontapés?” nos despedimos. Muchas gracias!
O guiche ao lado ainda era melhor: saiu-nos o cavalo do Lucky Luke em formato feminino, vestido de mulher com a rapidez de uma ervilha a subir o Evareste (tou a ficar muito poético!). Como é possivel demorar cerca de 30 minutos a emitir uma porcaria de um bilhete de avião? Ok, a impressora era de 3 agulhas, mas ainda assim … Enfim, munidos do bilhete fomos a caminho do check-in para Londres. Ah … e as malas? “No problem! Vai já tudo directo para Miami, via Londres” Ai não vai não … que eu quero as malas em Londres. Mais uma lutazinha, das fáceis, e lá fomos nós para a 3ª capital europeia num dia.
Em Londres a história já foi outra: mal aterramos e estavamos no meio daquela algazarra para desembarcar, ouvimos os nossos nomes nos altifalantes do avião (não gozem: foi a minha primeira vez!) para nos identificarmos à saida. E porquê? Porque tinhamos um amigo, com um papel igual ao que eu tinha a indicar-nos que iamos ficar no Radisson Hotel, que tinhamos direito a jantar e pequeno-almoço, e para onde nos deviamos dirigir, bem como os vouchers para o transporte. Ou seja, estivemos em “Londres” sem um penny (mais uma primeira vez). E correu tudo bem! Chegamos ao hotel a altas horas da madrugada: 22h! E já o restaurante tinha fechado, logo toca a gastar o jantar da Ibéria em room service. Impecável! Vieram com um carrinho que se transformava em mesa dentro do quarto, onde a comida nos soube divinalmente, e até uma flor tinha a decorar o cenário. Oh yeah! Despertador para as 7 da manhã e xixi cama, que se faz tarde. O resto do percurso foi menos acidentado, apanhamos o 747 da BA a horas, e chegámos a Miami 2h30 antes da partida do barco, o que nos dava algumas garantias de sucesso. E foi neste momento de inicio de relaxamento, enquanto esperávamos as malas, que olhámos para o painel das chegadas e este indicava alegremente: IBERIA Origem: Madrid, atrasado para as 16h30. Se eu apanho a outra gaja …
A fronteira foi mais uma epopeia: Welcome to the United States. Passa o passaporte, não passa o passaporte, o sistema está em baixo, não se preocupe, vem a substituta do polícia da fronteira, arruma os M&Ms na mochila, ve o tempo, mete os dedinhos no painel das impressões digitais… grrrrrrr. Estes tipos deviam ser todos despidos e inspeccionados a fundo quando vêm cá, xissa!
Táxi para o Miami Port foi tranquilo, o António guiava a 10 à hora, e a pressa não era muita. Só no fim quando lhe demos 25 dolares (o policia que estava a controlar os táxis disse-nos 2 vezes que custava 24 USD), é que começou a reclamar que era pouco. Ainda lhe ofereci uma trident fresh, mas ele não quis … e ficámos assim.
Mais um check-in (começo a ficar farto), desta vez no barco, onde nos apareceu uma avozinha, que afinal era cubana, mas que falava portugues (ou pelo menos envergava esta habilidade no cracha ao peito), e munida de algo que parecia um Magalhães (juro!), lá nos deu as intruções todas para irmos no cruzeiro. Conseguimos!
Que aventura do caraças.... ou será mais do jibá??!!!
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